
O impacto da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho é um dos temas mais discutidos envolvendo o uso da tecnologia. Em meio a tantas controvérsias, uma coisa é certa: a IA automatiza processos rotineiros, muda funções, cria profissões e ajuda na tomada de decisões. O potencial de aumento de produtividade e, consequentemente, crescimento dos negócios, é gigantesco. Contudo, nada disso vai acontecer se não houver investimento em qualificação e requalificação dos profissionais.
Para entender como o setor privado está utilizando a IA e preparando sua força de trabalho, o Business at OECD - fórum empresarial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - realizou uma ampla pesquisa, com os dados mais recentes e um mapeamento de iniciativas. A publicação Aumentando a produtividade e o crescimento dos negócios - o papel das habilidades de inteligência artificial (IA) foi lançada, mundialmente, nesta quarta-feira (26) em evento virtual.
“À medida que as tecnologias de IA são cada vez mais integradas e aplicadas a vários setores, o desenvolvimento de programas de qualificação profissional direcionados por empresas e instituições governamentais é fundamental para os trabalhadores e organizações se manterem empregáveis e competitivos”, afirma a publicação.
Entre os exemplos mapeados em diferentes países, o Brasil aparece com um case, o do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A rede de educação profissional do Sistema Indústria tem atuado com IA em pelo menos seis frentes de trabalho: personalização da aprendizagem; criação de conteúdo; análise preditiva de habilidades; eficiência operacional; treinamento de educadores; e parcerias.
“Por ser o principal parceiro da indústria na formação de profissionais, o SENAI tem atuado na preparação de gestores, técnicos e estudantes para este novo cenário trazido pela IA. Nossas ações, que são pioneiras e de abrangência nacional, têm como objetivo incorporar os benefícios da IA e seu potencial de ampliar o alcance e a qualidade da formação profissional, atendendo as demandas da indústria”, destaca o diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal.
Entusiasmo versus despreparo 5f648
Iniciativas como as do SENAI são relevantes em razão dos benefícios potenciais da IA e da velocidade de difusão das novas ferramentas que transformam os perfis profissionais demandados no mercado de trabalho. Dados levantados pelo fórum da OCDE mostram que 65% dos empresários afirmam que suas organizações utilizam regularmente inteligência artificial generativa em pelo menos uma função de negócios.
Pesquisas apontam ainda que a IA pode automatizar até 30% das horas de trabalho atuais até 2030, afetando funções que dependem fortemente de tarefas rotineiras, ao mesmo tempo em que cria demanda por novas habilidades e cargos que complementam as ferramentas de IA. Do lado dos trabalhadores, porém, ao mesmo tempo em que 60% dos profissionais se sentem entusiasmados, 62% se sentem despreparados e carecem das habilidades para usar a tecnologia de forma eficaz e segura.