
A ciência, a indústria, a economia, o bem-estar e o progresso da sociedade brasileira dependem do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é a principal fonte para financiar a inteligência na produção de bens e serviços.
Por isso, nos preocupamos com o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre remessas de pagamentos ao exterior. A decisão do Supremo terá impactos profundos sobre a capacitação tecnológica nacional e o desenvolvimento do nosso país.
A CIDE é a maior fonte de arrecadação do FNDCT, respondendo por 74% de sua composição. É ela, portanto, que mais viabiliza investimentos estruturantes e estratégicos no país, em um mundo marcado por revoluções tecnológicas profundas e contínuas.
A tese de que a CIDE só deveria incidir sobre a importação formal de tecnologia – ou seja, bens físicos e materiais – ignora que as revoluções científico-tecnológicas das últimas décadas entrelaçaram bases tecnológicas materiais e serviços técnico-tecnológicos imateriais. É este conjunto de elementos tangíveis e intangíveis que estrutura as revoluções produtivas ora em curso, como bem se vê no avanço da Inteligência Artificial. Em outras palavras, tecnologia não é só objeto físico e tangível. É também uma série de processos e serviços.
O desenvolvimento científico e tecnológico, promovido pelo FNDCT, viabiliza a expansão e modernização de laboratórios de pesquisa em todas as regiões do país; o monitoramento e o enfrentamento de desastres naturais relacionados às mudanças climáticas; e projetos inovadores que tornam mais competitivas e produtivas nossas empresas, impulsionando a criação de novos bens e serviços, assim construindo soluções para a população e o país. Restringir sua capacidade de investimento sacrifica o nosso futuro como nação inovadora, desenvolvida e soberana.
Um destaque do FNDCT, baseado na CIDE, é o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que busca tornar o Brasil referência nessa área e melhorar a vida das pessoas. Uma inteligência artificial que fale nossa língua!
O STF tem agora a oportunidade histórica de reafirmar esta contribuição como instrumento de desenvolvimento, não mera arrecadação. A CIDE, no formato vigente, não apenas injeta recursos no Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, mas incentiva o consumo de ciência e tecnologia nacional – iniciando um círculo virtuoso entre ciência e setor produtivo.
Na era do conhecimento, nações que constroem e consolidam sua capacidade científica e tecnológica assumem as rédeas do seu destino. A CIDE é, portanto, um pilar da autonomia brasileira e do futuro que queremos construir. Por isso, esperamos que o STF mantenha a arrecadação da CIDE sobre toda forma de tecnologia, não apenas sobre uma pequena parcela sua.